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Projeto promove oficinas em Cruz da Menina - PB
Na Paraíba, existem 39 comunidades quilombolas espalhadas por todo o território, desde o litoral até o Sertão. Cruz da Menina é uma dessas comunidades. Situada no município de Dona Inês, na região do Curimataú, a 152 quilômetros de João Pessoa, é liderada por mulheres que atuam como representantes da Associação Comunitária e em espaços de decisão dentro e fora do território tradicional.
No local, cem famílias vivem à espera da regularização fundiária e o reconhecimento enquanto comunidade quilombola pela Fundação Cultural Palmares ocorreu no ano de 2008. A principal característica para o reconhecimento se deu através de um grupo de mulheres, que realizavam danças afro-brasileiras e pela história de resistência dos povos que ali foram morar.
O projeto de extensão “Mulheres Quilombolas: Interseccionalidade e cultura no território tradicional Cruz da Menina, Dona Inês – PB”, está no seu primeiro ano e atua através de oficinas.A primeira contou com 60 mulheres e foram discutidas as temáticas de gênero e raça. Já na segunda, o tema foi a reforma da previdência e o impacto para as mulheres quilombolas. E na terceira, com uma média de 50 mulheres, lideranças quilombolas foram relembradas e foi discutida a importância da chefia de mulheres. Até o fim do projeto, a previsão é de que ocorram mais três atividades.
O público alvo das ações são mulheres quilombolas entre 20 e 60 anos. De acordo com informações apresentadas pela associação comunitária, a população do quilombo é de aproximadamente 500 pessoas, sendo 55% de mulheres e 45% de homens. As oficinas servem para formação de muitas mulheres que não tiveram a chance de chegar na Universidade. Apenas uma mulher tem o ensino superior completo.
Bianca Gregório, moradora de Cruz da Menina e participante das atividades, afirma a relevância para sua comunidade “Vejo as oficinas, como de grande importância, pois é através de projetos assim que nossas mulheres vêm tendo conhecimento sobre muitas temáticas importantes acerca do empoderamento feminino.”, detalha
Segundo as participantes do projeto, as mulheres da comunidade estão recebendo as oficinas muito bem. Maria Silva, bolsista do projeto ficou muito feliz com o resultado “Na última oficina algumas mulheres falaram que gostaram muito. E escutar esses comentários é animador, porque estamos levando informações que estão servindo para o empoderamento delas”, pontua. Os assuntos, a partir da primeira ação, são escolhidos de acordo com a demanda das mulheres.
Segundo a professora e coordenadora Amanda Marques, a finalidade das oficinas é promover o diálogo com temáticas que perpassam a vida dessas mulheres “Objetivamos desenvolver atividades de extensão universitária sobre gênero, raça e classe com as mulheres residentes na comunidade quilombola de Cruz da Menina, situada no município de Dona Inês – PB”, detalha. A coordenadora do projeto pretende dar continuidade para o fortalecimento dessas mulheres “Buscaremos prosseguir o trabalho desenvolvido, considerando que a Paraíba tem um número representativo de mulheres quilombolas assumindo papéis de liderança nas comunidades.”, afirma